DETERMINAÇÃO DA TRAJETÓRIA DOS TEMPORAIS NAS ZONAS TROPICAIS

 

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Embora navios de alto costado e boa construção e a potência de suas máquinas podem sofrer riscos de um temporal com grande perdas de vidas e perdas materiais em consequência de furacões tropicais. Todo capitão de navio tem pois, o dever - quando tiver a menor suspeita de que pode desencadear-se um furacão - de formar critério sobre a posição do navio e a direção do centro do furacão para rapidamente se afastar dele. É impresindível que o capitão do navio tenha estudado bem os rumos prováveis e as Cartas Meteorológicas, Sailing DirectionsNational Hurricane Center - para desviar do furacão.

O primeiro aviso dos furacões tropicais se obtém comparando sempre os gráficos diários da pressão barométrica; esta comparação pode ser obtida através de registradores automáticos (barogramas). Toda anomalia da onda barométrica seja em comprimento ou em amplitude - nos trópicos - um sintoma que não deve se perder de vista. A seguir, foto de um barômetro registrador:

É sempre importante comparar a leitura barométrica atual com as leituras de 24 horas ou 48 horas antes com isso se elimina a influência da oscilação diurna.
Adverte-se que nos trópicos o barômetro algumas vezes o barômetro sobe um pouco antes de chegar a área do furacão. Em alguns lugares (sobretudo nas Antilhas e no Golfo de Bengala acontece isto), os furacões já desnvolvidos ficam envelopados por uma cinta de altas pressões onde reina a calma, tempo bom e seco, o ar fica mais frio (nos furacões antilhanos ~ 8ºC, com relação a temperatura média) o céu limpo de cor turqueza, ar transparente, vento débil, quase sempre de caráter anticiclonal. Amiúde estes sintomas são já percebidos três ou quatro dias antes do ciclone, quando o mesmo se encontra a 1200-1500 milhas do navio. Com a aproximação do ciclone, a subida anterior do barômetro é revertida para um forte descenso, que num primeiro momento permite reconhecer ainda a onda diurna (embora, naturalmente, num nível mais baixo).


Antilhas





Golfo de Bengala

Um terceiro método para descobrir a proximidade de um furacão é comparar a média absoluta das pressões barométricas observadas durante o dia, com a pressão barométrica correspondente para o mesmo mar e mes (segundo observações de muitos anos), cujo valor se encontrará para os três oceános publicado em Cartas Meteorológicas ou National Hurricane Center ou outros Institutos metereológicos.




Quando, em uma região expostas a furacões, a pressão barométrica  absoluta resulte constantemente inferior a média normal, haverá sempre motivo para ficar de sobreaviso, pois as zonas de baixa pressão barométrica muito extensas (sobretudo se em estas zonas não chove e não se desenvolvem rachadas de vento) facilmente podem se desenvolver focos de furacões porquê tendem a se infiltrar pelas fendas de baixa pressão barométrica.

O vento dominante na região atravesada  por um furacão e a massa de ar que se move com o mesmo, influem reciprocamentre um sobre o outro. Se a direção do vento, na frente do furacão que avança, é oposta a do vento local, não se antecipará ao temporal, apenas um breve aviso, no entanto a retaguarda do ciclone (onde então, as direções de ambos ventos coincidem) o mal tempo e o vento forte persistiram bastante. Ao contrário, quando a direção do vento local coincidir com a direção do vento que "traz" o furacão, a perturbação será perceptivel com maior antecedência e a grande distância, desaparecendo seus efeitos quando ultrapassar a zona ciclonica. Se um furacão se move ao passar do limite equatorial de um alisio, coincidindo a direção deste com a do vento  na frente anterior ou redemuinho, a resultante será um alisio intensificadoque poderá soprarcom violência de um temporal. Estes aneis de alisios ou de monzões reforçados, nas regiões proprias dos furacões tropicais, constituem um sintoma alarmante. 

Os primeiros sinais seguros de um furacão ao longe e da posição do seu centro normalmente são as faixas de cirrus que se assomam desde um ponto qualquer do horizonte. Com intervalo de algumas horas, se situarão, tanto no centro aproximado do furacão como no lugar onde se encontra o navio sobre a carta naútica. Também a direção do mar que algumas vezes precede a grande distância ao furacão constitue um bom elemento para estimar a posição do núcleo do temporal.

Não raramente, um observador experiente, em baixas latitudes possa observar durante varios dias a nuvem do furacão, registrar a altura e rumo corroborando assim em qual direção fica seu centro e se o mesmo de aproxima ou se afasta. Mas, em altas latitudes, poucas vezes pode se reconhecer claramente o centro da nuvem ciclônica.

A distância ao centro do furacão pode  ser dimensionada por a força do vento e pela maior ou menor rapidez com que muda de direção, mas, sobretudo pelo estado do barômetro e pelo seu descenso no período de uma hora. Como dito descenso dc é função da distância D ao núcleo do do ciclone pode se deduzir como no exemplo a seguir:

 D = 250 -150 milhas, dc = 0,5 - 1,5 mm. D = 150 - 100 milhas, dc = 1,5 - 2 mm. D = 100 - 80 milhas, dc = 2 - 3 mm, D = 80 - 50 milhas, dc = 3 - 4 mm.


Para furacões nas Caraíbas (veja mapa acima) os descensos do barômetro são demonstrados a seguir: 

D = 180 - 120 milhas, dc = 1,5 mm. D = 120 - 60 milhas, dc = 6,5 mm. D = 60 - 0 milhas, dc = 14,5 mm.


Baromêtro digital

Só com a ajuda da carta meteorologica fica muito difícil decidir qual o rumo que tomará um ciclone tropical. A regra segundo a qual no hemisfério norte a trajetória do ciclone passará à direita das regiões de altas pressões barométricas contíguasnem sempre se confirmam, ao contrário, já  aconteceu de o furacão se encaminhou contra a zona anticiclónica, ou passou deixando-a à esquerda. Se perto do furacão não existe  uma zona de altas pressões barométricas bem caracterizada, não se poderá concluir nunca com segurança qual será sua trajetória, e não esquecer jamais que esta trajetória depende muito das pressões e correntes maritimas predominantes nas altas camadas da atmosfera das quais o observador a bordo do navio não pode ter ciência.



 Nas Cartas Meteorológicas que dão as direções mais prováveis dos furacões tropicais diariamente. O capitão do navio e os oficiais de naútica deverão estudar atentamente estes prognósticos deducindo deles a posição e direção mais prováveis do furacão desenhando-as na carta de navegação e tomando-as como ponto de partida para o temporal que se aproxima.


Barociclomêtro para determinação do rumo e da trajetória do centro do furacão.

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